Instalação artística "Entre pedras e pedrinhas - alguma gota há-de haver"
Mina de S. Domingos, 22 nov 2025, 15:30h
Local Cine-Teatro da Mina de São Domingos (Mértola)
Entrada livre
Na minha prática artística, costumo dizer que a formalização é fruto de uma mistura entre a preguiça e o acaso. Normalmente, apenas estou no ateliê. Vejo filmes que me lembram momentos da minha vida, oiço músicas que me provocam emoções, leio coisas que me transportam para momentos particularmente bonitos — fruto da sua distância temporal, pois claro.
Passei praticamente todos os meus verões na Mina de São Domingos. Aqui dei o primeiro beijo, pesquei o primeiro peixe, tive o primeiro desgosto amoroso, fumei o primeiro cigarro.
Por questões pouco interessantes para o caso, nunca mais cá voltei. Ainda tenho aqui família, mas raramente os visito. Tento até nunca passar na rua onde tanto brinquei e corri.
Daqui restam apenas memórias. Algumas já abordei noutros projetos, outras estão a estagiar na minha cabeça até me atropelarem e se tornarem alvo de uma qualquer formalização.
Perante o convite para desenvolver este projeto aqui na Mina, senti uma enorme vontade de partilhar as minhas memórias — justificar o meu sentimento de pertença à terra e identificar as coisas que nos unem.
Desafiei os alunos da Universidade Sénior a escolherem objetos do quotidiano que, para eles, fossem importantes, e a falar sobre esses objetos. Fiz o mesmo.
O barro tem a cor com que todos os verões saía daqui, em todos os poros da minha pele, e nos ténis novos brancos que trazia de Lisboa.
Texto de Tiago Alexandre.
Tiago Alexandre é licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa desde 2012. No mesmo ano, foi autor da Residência artística Pé de Cabra: Its Not Basel But It Could Be, em Lisboa.
Como artista multidisciplinar, utiliza no seu trabalho vários recursos formais e diversos medias, como o vídeo, a pintura, o desenho, a escultura, entre outros.
Das suas exposições individuais destacam-se: “Molly”, Galeria Balcony, Lisboa (2024); “Morre Longe”, Appleton Square, Lisboa (2022); “Triunfante”, Palácio na Rua da Madalena, Lisboa (2019); “Words Don’t Come Easy”, Galeria Balcony, Lisboa (2018); “O Filho do Carro Preto”, Bregas, Lisboa (2016); “Entre o Boné e os Ténis”, Galeria Graça Brandão, Lisboa (2015). O seu trabalho tem sido incluído em exposições coletivas, instituições e galerias tais como: “do arquivo do acervo”, Coleção Figueiredo Ribeiro, MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (2023); “Dark Safari”, CACE - Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Museu do Côa (2023); “Nella Cohorte di De Chirico”, Colégio das Artes, Coimbra (2021;,”Flora”, Atelier Museu Júlio Pomar, Lisboa (2021); “Trabalho Capital – ENSAIO SOBRE GESTOS E FRAGMENTOS”, Centro de Arte Oliva, São João da Madeira (2019); “Do Tirar Polo Natural”, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa (2018); “Tawapayera”, comissariada por Alexandre Melo, Museu Júlio Pomar, Lisboa (2017); “THEM OR US!”, Galeria Municipal do Porto, Porto (2017); “Portugal, Portugueses”, Museu Afro-Brasil, São Paulo, Brasil (2016).
Atualmente o trabalho de Tiago Alexandre encontra-se representado em inúmeras coleções públicas e privadas.