João Pais Filipe foi o primeiro artista em residência do Futurama em 2023, ano em que cruzamos geografias e vamos até Alcáçovas, Viana do Alentejo. O percussionista, compositor e escultor sonoro do Porto esteve entre 16 e 19 de janeiro na Fábrica dos Chocalhos Pardalinho, em Alcaçovas, a trabalhar com chocalhos, Património Cultural Imaterial da UNESCO.
Com um longo percurso na música experimental, João Pais Filipe é também construtor de instrumentos de percussão metálicos, como gongos ou címbalos, explorando as suas propriedades escultóricas e acústicas. Nesta residência artística, explorou as possibilidade de um dos instrumentos tradicionais mais emblemáticos do Alentejo, numa das fábricas mais antigas da região.
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Curadoria: John Romão
Biografia
João Pais Filipe é um baterista/percussionista, compositor e escultor sonoro do Porto. O seu percurso como músico caracteriza-se pela abordagem aos mais diversos estilos e linguagens, em bandas como Sektor 304, HHY & The Macumbas, Talea Jacta, Paisiel, Rafael Toral Space Quartet. Tocou também com Z'EV, Evan Parker, Fritz Hauser, Steve Hubback, entre outros. No seu primeiro álbum, inspirou-se na electrónica/dança/techno que evoluiu da percussão do krautrock para espernear à vontade o talento. Em “Sun Oddly Quiet” (2018) abandona, com todo o voluntarismo, as preconcepções que existem e aventura-se por numa nova estrada sem qualquer mapa. Está a tactear terreno novo na carreira a solo, evidenciando que não quer uma única associação ao seu trabalho, e que o ouvinte o perceba como um compositor/percussionista e não apenas como uma só dessas partes. Essa expansão criativa – e também motivacional – é empurrada por outra relação que João Pais Filipe tem com os seus instrumentos, enquanto construtor de gongos e pratos ou címbalos. Um conhecedor da sua matéria-prima que ousa a que o instrumento soe mais do que o seu propósito e que possa cantar mantras através de ritmos.