Jacira da Conceição | Insularidade
Beja, 16 jun 2023, 20h
Local Igreja de Santo Amaro / Núcleo Visigótico
Entrada livre
Beja, 17 jun 2023, 15h
Local Igreja de Santo Amaro / Núcleo Visigótico
Entrada livre
O meu corpo é uma ilha.
Como ilhas suspensas, somos corpos à deriva entre as leis dos humanos e os desígnios da natureza.
Simone de Beauvoir disse que "ser livre é também querer os outros".
A fotografia como meio para um ensaio sobre a condição do humano em trânsito entre o que ficou e o que será.
A minha pele não é diferente da tua. Caminho com um pote à cabeça transportando identidade pelo território urbano. Fotografo o meu corpo que é ilha em conjunto com outros corpos. Suspendemos o pote bem alto. Somos o futuro e o sul é o nosso norte.
Esta é a luta de Jacira da Conceição, ceramista, escultora e artista visual com raízes em Cabo Verde. Ao insistir nos processos de valorização, nos acordos coletivos de trabalho, na equidade e nas muitas dúvidas sobre a meritocracia, pensa sobre a importância do ser mulher e da utopia como motores de revolução social e cultural. "Não se ensina a liberdade, mas incute-se o medo e o perigo do confronto constrangido e sem voz: continuarei a sofrer por todas as mulheres condicionadas por todas aquelas impedidas de ousar viver em liberdade, de viver a plenitude da sua própria verdade."
Jacira da Conceição (n. 1990, Ilha de Santiago, Cabo Verde) vive e trabalha em Montemor-o-Novo, Portugal, desde 2017. Em 2015, inicia o seu percurso nas práticas da cerâmica, através da relação que estabelece com a olaria tradicional Cabo Verdiana, em particular com a lendária mestra Isabel Semedo, em Trás di Munti, no Tarrafal. Em 2009, viajou pela primeira vez para fora de Cabo Verde. Durante um ano, percorreu, em bicicleta, o continente sul-americano. No estado brasileiro do Maranhão, reside durante um mês no Quilombo de Itamatatiua, onde conecta-se às técnicas, conhecimentos e sensibilidades das ceramistas locais.
Em 2018, faz a sua primeira exposição individual em Portugal, na galeria Cavalo de Pau, em Lisboa. Em 2020, expõe no centro cultural de Cabo Verde "da saudade do sal da terra". A convite da embaixada de Cabo Verde em Lisboa, executa e instala a escultura "Flutuar" para o edifício da mesma. Em 2021, é convidada a expor pelo MDM movimento democrático de Mulheres, no MAEDS Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, no qual apresenta a exposição individual "Badia". No mesmo ano, expõe na UCCLA União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa, na primeira exposição coletiva de artistas Cabo-Verdianos contemporâneos "de dentro e fora". É também convidada pelo MNAC Museu Nacional de Arte Contemporânea a expor um vídeo com o seu processo criativo.
Em 2022, à convite da Universidade de Évora, cria uma escultura de grande escala em cerâmica para o Colégio do Espírito Santo, numa obra de homenagem a África "Tchom Bom”, e uma exposição "da terra viu nascer do mesmo chão". Em setembro de 2022, participa na mostra coletiva "O Estado do Mundo: Museu do Atlântico Sul", no pavilhão branco das Galerias Municipais de Lisboa, inspirada numa ideia inconclusa do desaparecido filósofo e educador português Agostinho da Silva. Atualmente, prepara uma exposição com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian com inauguração prevista no CCCV - Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa em abril de 2023. A convite da galeria luso-angolana This is not a White Cube, irá participar com quatro esculturas a serem apresentadas no Museu da Água - Depósito da Patriarcal do Príncipe Real, parte da Exposição Internacional da feira Arco Lisboa no programa VIP, em maio de 2023.