Djaimilia Pereira de Almeida e As Ceifeiras de Entradas
Djaimilia Pereira de Almeida nasceu em Luanda e vive em Lisboa. É uma escritora premiada e traduzida em várias línguas. Escreve um poema para a interpretação do grupo coral feminino Ceifeiras de Entradas (Castro Verde).
Letra: Djaimilia Pereira de Almeida
Composição musical: Paulo Ribeiro
Interpretação: Ceifeiras de Entradas
A Freguesia de Entradas sempre foi terra de cantadores. Em tempos idos “Os Ceifeiros” de Entradas levaram longe, com afinco, as Modas do Alentejo com a peculiar forma melódica e interpretação poética típica desta região do Campo Branco. Passou-se um tempo demasiado longo em que as vozes desencadeadas em grupo não se faziam ouvir. Sentia-se em toda a Freguesia o sussurro de vozes que queriam levantar de novo os cantares da Tradição Alentejana. A onda desse sentir tornou-se demasiado forte e criou a vontade de constituir um Grupo Coral mas desta vez no Feminino.
Resultado de inúmeras actuações um pouco por todo o lado e querendo contribuir para a história cultural de Entradas, editaram o seu primeiro trabalho discográfico, denominado “Chão”, em 2012, por ocasião da Memória Histórica dos Quinhentos Anos do Foral de Entradas, mandado lavrar pelo Rei D. Manuel I. Tendo optado pela Etnografia, as “Ceifeiras” actualizam um conjunto de saberes estampados no traje que apresentam e nalgumas alfaias utilizadas nas lides do trabalho do campo. Mostram algumas figuras do campo daquele tempo, como a ceifeira e a mondadeira, entre outras. Usam chapéu preto, lenço garrido, blusa, xaile, saia, meias altas e avental. A tira colo leva a balsa ou o talego pendido no braço. Calçam botas de cano alto e sapatos rasos feitos em couro.
Djaimilia Pereira de Almeida é escritora. Escreveu, entre outros, Luanda, Lisboa, Paraíso e Três Histórias de Esquecimento. Os seus livros e ensaios estão publicados em Portugal, no Brasil, nos Estados Unidos da América, na Argentina, nos países de língua alemã e, em breve, em Árabe, Catalão, Dinamarquês, Eslovaco, Italiano e Mandarim. Recebeu, entre outros, o Prémio Oceanos 2019 e 2020, o Prémio Fundação Inês de Castro 2018 e o Prémio Fundação Eça de Queiroz 2019. Foi bolseira de criação literária do Centro Nacional de Cultura e do Ministério da Cultura e é a escritora residente da Literaturhaus Zürich na Primavera de 2022. Doutorou-se em Teoria da Literatura na Universidade de Lisboa. Nasceu em Luanda e cresceu nos subúrbios de Lisboa.